2010-02-28

Sequência de projectos, licenciamento e obra- Parte III

Para explicação da sequência de projectos, licenciamento e obra.

(Toda esta exposição deverá ser complementada com as fotos e imagens do documento original para melhor compreensão do referido e descrito)
3- A descrição necessária para a compreensão do projecto de arquitectura e das artes que o caracterizam, não sendo necessária a inclusão de algumas especificidades do caderno de encargos para a presente. Esta última figura é uma defesa para nós arquitectos pois não é mais do que uma memória descritiva para além da justificativa de arquitectura e definição de conceitos quer da intervenção, quer da própria construção. A descrição dos materiais, do cruzamento das artes ou da apresentação das possibilidades é uma informação preciosa para quem vai organizar o próprio caderno de encargos.
Definir onde leva um tecto para receber uma qualquer instalação de climatização ou iluminação de tecto, não é considerado elemento ou desenho de caderno de encargos (podendo ser no entanto usado para…), mas sim de complemento e pormenorização para melhor compreensão do projecto e da obra e obviamente instrumento útil para melhor pormenorizar o próprio caderno de encargos.
Parte III -Descrição necessária para a compreensão do projecto de arquitectura
1 - CONSTRUÇÃO E ELEMENTOS ESTRUTURAIS
FUNDAÇÕES; ESTRUTURA VERTICAL E HORIZONTAL; COBERTURA
2 – ENCERRAMENTOS
3 - REVESTIMENTOS
EXTERIORES
Pavimentos; Paredes; Tectos e Cobertura
INTERIORES
Pavimentos; Paredes e tectos
Vãos interiores e exteriores
4 - ESPECIALIDADES / INSTALAÇÕES
Serralharia
Carpintaria
Àguas e saneamento
Iluminação e electricidade; Sistemas informáticos, redes, domótica ou outros
Climatização
Impermeabilizações
Isolamentos
Equipamentos
NOTAS FINAIS:
“Mapa de acabamentos”
“Opções de projecto”
1 - CONSTRUÇÃO E ELEMENTOS ESTRUTURAIS
FUNDAÇÕES; ESTRUTURA VERTICAL E HORIZONTAL; COBERTURA
Uma descrição breve sobre o sistema construtivo adoptado, possíveis implicações e cuidados a ter para cumprimento do projecto e imagem final da arquitectura. Vigas, balanços, espessuras, alternativas ou cuidados de pormenor. Cofragens, remates de topos horizontais ou verticais, preparação de paredes e acabamentos que venham a ser implicados pela opção construtiva tomada. Pilares de 0.20 cm para alvenarias únicas de tijolo vazado de 0.20 cm, entre outros.
2 – ENCERRAMENTOS
Uma descrição breve sobre as alvenarias e opções adoptadas, possíveis implicações e cuidados a ter para cumprimento do projecto e imagem final da arquitectura. Tijolo de forra, alinhamentos e prumos, ligação entre alvenarias de tijolo ou secas. Possibilidade de uso de outro tipo de sistemas e implicações do sistema adoptado para posteriores revestimentos. Capa de pedra, Cortina ventilada etc.
3 – REVESTIMENTOS
Uma descrição de tipos de revestimentos e cuidados a ter na sua aplicação, Referência a peças desenhadas ou mapa de acabamentos, Ligação entre materiais e outros. Especificidades do material como cerâmicas rectificadas, juntas de soalho, estereotomia ou aspectos gerais que vão ser referidos mais tarde nas especialidades.
Desta descrição, consta a referência a materiais EXTERIORES em Pavimentos; Paredes; Tectos e Cobertura.
Ainda uma descrição para todos os materiais utilizados nos INTERIORES em Pavimentos; Paredes e tectos.
Separa-se estas duas descrições a meu ver por três razões.
- Pela lógica construtiva, os materiais utilizados e colocados pelo interior, normalmente são adjudicados ou faseados posteriormente, por isso numa sequência de obra, deverá ser discutido em primeiro lugar e isoladamente os referentes ao exterior.
- Por outro lado, dado que os revestimentos exteriores estão associados ao processo construtivo, estes deverão acompanhar os trabalhos até de cofragem. Lembro aqui à utilização do tijolo de forra ou outro pormenor para evitar a ponte térmica, utilização de cortina ventilada ou discutir questões de isolamento e impermeabilização. Por reste facto, são muitas vezes tomadas opções de pormenor e de processo de execução que leva á discussão sobre os materiais finais de revestimento, a par das questões estruturais.
- Por fim e não menos importante, imaginemos um a situação de loteamento. Importa que a leitura exterior de continuidade e harmonia das várias construções obedeçam e cumpram o estipulado. Se o sistema for igual ou diferente, se os materiais e a sua aplicação não estiverem definidos podemos ter uma autêntica “feira” de leituras formais e plásticas. Mas, por princípio, a liberdade de escolha a par da definição dos interiores por parte do cliente, futuro proprietário, leva a que não obstante de uma proposta de materiais e cores, seja sempre sujeito a alteração e consequente redefinição dos mesmos.
Vãos interiores e exteriores
Na descrição dos materiais, os vãos tornam-se de extraordinária importância pois, não só se referem ao tipo de caixilharia - madeira ou alumínio entre outros, patine cromática, funcionamento e articulação dos espaços, como condicionam uma série de outras opções quer ao nível da construção e do sistema, como do pormenor de outras artes. Veja-se o exemplo de caixilharias com sistema capoto no exterior e a necessidade de uso de pré-aros nas ombreiras das janelas;
A utilização de portas com ou sem bandeira, com ou sem padieira, aros e guarnições ou rodapés, que interferem com os pormenores e escolha do material a usar nas paredes e tectos, remates dos mesmos etc.;
Ou ainda um caso em que um painel de parede revestido a madeira e faceado verticalmente com o reboco, ou uma portada de correr suspensa numa calha fixa ao tecto mas faceadas com um tecto falso.
Assim vê que esta descrição ainda parecendo prematura e não da arte específica ilustra a todas as artes e especialidades como vão ser os acabamentos e formas de o aplicar, levando a uma melhor percepção das artes de grosso ou finos, antes dos acabamentos.
4 - ESPECIALIDADES / INSTALAÇÕES
A descrição por especialidade, é na realidade uma última forma de poder controlar o produto final. Deverá ser definido quer o conceito, quer algumas considerações sobre os métodos a executar, e por último, a relação com as opções tomadas em função de outras artes. Peguemos num exemplo: Definir um tecto falso, já referido anteriormente, significa definir de uma forma clara, a cota deste, podendo variar ao longo da construção, mas os seus remates e encontros com paredes e tectos da obra de grosso.
O definir uma sanca de luz indirecta ou directa, com afixação de cortinas ou ainda com a inclusão de insuflação de climatização vai definir, a largura da sanca, mas também os seus aspectos mais estruturais. Emassar 0.20 cm de tecto junto á parede ou o levar o fino de parede em gesso projectado até ao tecto ou até ao piso em tosco, pode definir o pormenor em pronto, de um encontro de soalho na parede ou do tecto que vinha a referir.
Outro caso para melhor compreensão, é da escolha do sistema de climatização ou mesmo de sistemas alternativos e complementares. Uma sanca para ar condicionado, o subir a cota de pronto para contemplar o piso radiante, uma testa em gesso para receber a grelha de um qualquer termo-ventilador, ou até uma pré-instalação que implica a passagem de tubagem com significativa dimensão.
Por uma questão de sequência de obra e pela experiencia sugeria a definição e descrição das especialidades tais como e pela seguinte ordem:
Serralharia; Carpintaria; Águas e saneamento; Iluminação e electricidade; Sistemas informáticos, redes, domótica ou outros; Climatização; Impermeabilizações; Isolamentos e Equipamentos.
Destes, a Serralharia importa pois o perfil, a dimensão do vão ou os encontros desta com soleiras, ombreiras e padieiras, pode ditar um melhor funcionamento mas o que nos dita a escolha e o pormenor um melhor aspecto e apresentação final. Não podemos sempre descurar o aspecto financeiro, pois a dimensão de um vidro duplo com mais de 3/6/9 ou 12 m 2 vai traduzir-se num aumento de custo do material pela sua dimensão. Para não falar de um vidro único que ultrapasse as medidas normalizadas e em que as fabricas teriam de parar a produção das chapas para uma medida diferente do habitual. Seremos mais responsáveis como profissionais, se atentos a estas questões que resultam muitas vezes numa derrapagem extra compreensível dos valores da obra finais.
Por fim e relativamente a esta arte, a questão térmica que não posso deixar de falar:
Por um lado a criação e desenho de vãos e sua dimensão mal dirigidas a Norte ou a sul, com incidência directa ou não são aspectos que devemos ter em conta, e na definição dos vão, do seu material, por vezes podemos afinar alguma incorrecção ou menor atenção no acto do desenho a uma escala ainda menos amadurecida. Reduzir o vão, aumentar uns simples 0,50 cm para melhor rentabilização da largura de folhas, colocar duas ou três vias para a abertura das folhas, propor um “vidro planiterme” para melhor filtrar a radiação e reflexão da luz entre muitos outros aspectos, são algumas considerações e descrições desta especialidade nesta fase.
A Carpintaria; é uma arte ou especialidade extraordinariamente importante nesta descrição pois ela define não só o material em si, madeira maciça, favelada, folheada, desenrolada ou listada, veio vertical ou horizontal, para pintura ou verniz entre muitas definições que vão de uma forma extraordinária condicionar e conter os custos ou por outro lado, plasticamente marcar a diferença. Uma porta normalizada em Kambala ou um painel com um desenho próprio, em folha desenrolada qualquer vai ter estas duas diferenças. Obviamente o preço mas o aspecto e a qualificação e diferenciação do trabalho de arquitectura.
A estrutura desta arte pois por vezes a definição de um painel de correr implica em artes que a antecedem a definição e criação de uma estrutura. Por fim os acabamentos. O aspecto final de um verniz brilhante ou a aplicação da própria demão de tapa poros pode significar um resultado completamente contrário e distinto.
Águas e saneamento. Este tema envolve demasiadas questões para encerrar aqui este capítulo. A importância de todos os circuitos, as implicações a vários níveis: a sequencia dos trabalhos que este tema implica na obra; a relação que a água tem nos materiais, nos processos, nos sistemas que servem e na sua presença em todas as artes é um tema a desenvolver e especificar posteriormente.
Esquematizemos da seguinte forma e sob distintos temas a desenvolver:
A água como componente e implicação desta nos materiais, na execução e no desenho;
A água como elemento de condução Térmica;
A relação com fenómenos e comportamentos do material – da construção;
Os sistemas de abastecimento;
Os sistemas de escoamento;
A água presente em sistemas de climatização e refrigeração - atmosfera e matéria;
Os quatro estados da água, entre outros
Completarei esta parte III logo que me for possível com um texto sobre as restantes especialidades.
Iluminação e electricidade; Sistemas informáticos, redes, domótica ou outros; Climatização; Impermeabilizações; Isolamentos e Equipamentos.

Sem comentários: