2009-01-15

Arquitectura popular ou não erudita - Ensino


A arquitectura popular e o ensino da arquitectura.

Todos nós (arquitectos), de alguma forma já passamos por fases de maior ansiedade por fazer arquitectura mais mediática e por outras onde sistematicamente, numa reflexão sobre metodologia projectual, ou porque não assumir, por uma simples crise existencial momentânea, equacionamos a forma de fazer, o propósito, e a linguagem, ate o que pretendemos atribuir e transpor para um projecto.
Estas diferentes maneiras de abordar um projecto, de começar um risco ou até de rever, ou reequacionar algo que infelizmente já está na câmara ou que o cliente já viu, é de facto o reflexo e quotidiano do nosso trabalho.
Esta dualidade entre a verdade, a procura da essência, da mais perfeita linha condutora do nosso exercício ou a vontade de criar algo que marque a diferença, que seja original, que nos eleve para algo que não seja um mero exercício de projecto e então possamos chamar de arquitectura o que fizemos, é o dilema do nosso exercício profissional.
Mas, relembrando o meu percurso escolar ou porque não assumir alguns anos de ensinamentos que me permitem alguma maturidade sobre o assunto, sempre esteve presente o exercício de levantamento e análise, critica e compreensão, de meros exemplos como os encontrados na arquitectura popular onde essa tal componente estética, formal ou chamemos-lhe mediática não está presente.
Hoje em exercício obrigatório de leitura dou por mim a ler ou reler livros que fizeram parte da minha formação enquanto arquitecto e esquecidos, reponho a verdade, encontro neles a lógica que adormecida, encontro nos meus riscos.
Urge por isso, retomar estes exercícios e leituras no nosso programa de ensinamento. Mandar os nossos alunos para as aldeias e procurar o pouco que ali existe. Ou uma simples construção sem referências estéticas, entender a lógica, a medida, a função, a forma como consequência formal…
A verdade é que vejo o ensino (hoje), de uma forma generalizada preocupado com referências estilísticas a autores ou correntes, a materiais em voga ou meras colagens plásticas de arquitecturas de revista.
Chamemos a nós novamente o exercício e objecto principal de fazer arquitectura, compreendendo a essência da construção.
Retomemos a preocupação pelo entendimento da dita arquitectura popular ou não erudita pois nela, temos a verdade e o único método de formar juízos e por isso consequentemente, profissionais da arquitectura.